O novo e o velho.

Nosso país é unico.
A cada dia, nos brinda com algo antigo, com roupagem totalmente nova.
Fomos surpreendidos (?), no fim da semana passada com mais uma tragédia.
Falo do rompimento das barragens Fundão e Santarem, na região de Mariana - MG.
Repletas de rejeitos de mineração de ferro, pertencentes à Samarco Mineração, empresa ligada à Vale do Rio Doce e sua sócia BHP Billiton da Austrália.
Em mais esse episódio, que lembra muito e de muitas formas, tantos outros que fazem parte de nossa historia recente, como o Morro do Bumba em Niteroi - RJ. Podemos tratar com fervor, das mazelas legais, das questões técnicas, do sempre presente descaso com as leis ambientais, do cumprimento dos protocolos aplicáveis à atividade mineradora, da ausência de medidas preventivas às tragédias possíveis e anunciadas, da demora em adotar praticas mitigadoras imediatas, entre tantos assuntos de interesse, sempre intensamente cobertos pela midia.
Mas hoje, vamos falar de outra questão.
A atividade mineradora pode ser essencialmente poluidora, e isto é sabido.
Diante dos fatos, e das imagens, quaisquer argumentos se tornam menos relevantes, que o que se vê, como resultado deste evento.
Perda de vidas, poucas diante da dimensão do evento, perda de bens, poucos diante da extensão e da magnitude das circunstâncias, perda de estabilidade para alguns e de futuro para outros, perda de expectativas para muitos.
A verdadeira tragédia humana, não se revela nos números, mas sim, na repetição exaustiva e impune de atitudes e ações de empresas e governantes, que não se cansam de expor comunidades pobres e sem apelo midiático, aos mesmos velhos problemas e perigos, sabendo que a possibilidade de ocorrências desta natureza, são factíveis, e aterradoras.
Das muitas faces desta crise, vou me ater a duas especificas, que embora pouco comentadas, sem dúvida, as que causam mais estranheza.
É necessário que se entenda a pressa do Ilmo Sr. Governador do Estado de Minas Gerais, em comparecer à sede da empresa Samarco, com o objetivo de dar depoimento onde assume a defesa técnica da qualidade dos procedimentos adotados na construção da barragem, como se fosse participe do processo.
Já, a defesa do Ilmo. Sr. Prefeito de Mariana à permanência e licenciamento da Samarco, não requer maiores explicações.
Trata-se meramente, do desespero provocado pela possibilidade de  perda de arrecadação por parte do municipio, da parte que lhe cabe, na função da empresa mineradora.
Cabe lembrar que, o estado de Minas Gerais, possui hoje, cerca de setecentas barragens de rejeitos de mineração, somente na área do quadrilátero ferrifero, provavelmente em estado similar as que acabam de romper.
A sociedade brasileira, ainda caminhará muito por caminhos incertos, até atingir a maturidade necessária ao estabelecimento de padrões de proteção às pessoas e ao ambiente, antes dos próprios interesses.
Enquanto isso, os filhos feios e pobres do Brasil, continuam sem pai!

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