Já Travou!

Prezados Senhores Comandantes e Pilotos Chefes
que participaram deste colóquio mais do que apropriado, e em todos os sentidos, necessário à elucidação e entendimento do momento que vivemos hoje na aviação civil brasileira.
Em muito do que diz, o Cmte Fábio Otero, tem muita razão, e em momento algum pretendo aqui questionar qualquer consideração, mas sim desmistificar alguns entendimentos.
Como colega, e tendo pelo visto, certa contemporaneidade com o referido Comandante, sou também Comandante, exerço minha profissão com respeito, orgulho e responsabilidade há 26 anos, tendo servido como Comandante nas últimas 5 empresas onde trabalhei, duas como instrutor e 3 como piloto-chefe.
Talvez não por má fé, mas por ignorância, de certa forma infelizes as colocações do Sr. Guilherme Costa Neto. De fato não existem mares de rosas na aviação mundial, muito menos oferecidos à tripulantes Brasileiros. No entanto, existem alguns mercados que nos recebem, muito mais pela competência demonstrada pelos colegas que aceitam tais propostas do que pela liberalidade de posições e políticas destes mercados.
Quanto à promover pessoas pouco qualificadas e pouco experientes, à função de comando a toque de caixas por necessidade premente, as empresas brasileiras demonstraram ao longo dos últimos 25 anos, serem usuárias contumazes deste tipo de prática.
Discordo do Cmte Fábio na medida em que presenciei diversos eventos de promoção de tripulantes por número e necessidade e não por competência, espero que não se ofenda por não citar as circunstâncias, assim, muitos bons colegas seriam afetados e acredito que não seja esta nossa intenção.
Falo de fato, sem pudor algum dos aviadores caídos de para-quédas, principalmente de origem militar, que foram promovidos sem ecxperiência, sem vivência e sem competência muitas vezes, mas com relações pessoais e networks bem estabelecidos no contextos das empresas nacionais.
Quanto ao cumprimento de parâmetros da ICAO, lembro humildemente ao Cmte Fábio, que existem muitos segmentos na aviação civil brasileira, e eu, com muito orgulho, participei de quase todos, tendo militado na aviação comercial, táxi aéreo, aviação agrícola como chefe de empresa, serviços aéreos especializados, entre outros, e lembro a todos os colegas que a aviação civil brasileira não se restringe a Aviação Comercial.
O cumprimento de parâmetros é o ideal, mas em um país e em uma sociedade tão desigual quanto a nossa, existe um grosso contingente de colegas que não estão propriamente contemplados aos olhos e exigências da legislação e nem por isso são menos importantes ou necessários que os aviadores do rito "comercial" diria até, ao contrário, 67% do produto interno bruto do país, coinsideradas ai, empresas que realmente são responsáveis pelo desenvolvimento e faturamento bruto das divisas do país viajam em seus próprios aviões, ou no táxi aéreo e não nos transportes coletivos.
Segmentos que também serão atingidos por mudanças na legislação, mas que de fato, já foram atingidos no passado pela escassez de mão de obra especializada.
O RBAC 121 é tão importante em termos de legislação quanto os RBAC's 135, 145, 147, 91 e todos os demais que regem os diversos segmentos da aviação no Brasil.
Pensar que em todos os segmentos temos profissionais preparados e com o privilégio de instrução competente, cursos e CBT's, CPT's, Simuladores, Acesso à Flight Safety é no mínimo ignorar os colegas que já estão aqui, são brasileiros e sequer saberiam descrever condições humanas corretas e apropriadas de trabalho.
Conclamo ora, os Senhores e todos os colegas envolvidos para uma grande discussão, mas de caráter público, dando ciência a imprensa como um todo, seja ela amestrada ou não, pois a divulgação, além de permitir a todos efetuar juizo de valores a respeito dos temas, abre uma porta importante, obrigando a sociedade de maneira geral a não ignorar os eventos e principalmente, suas consequencias.
O que ocorre hoje no Brasil?
Quais as verdadeiras motivações dos problemas que ora enfrentamos?
Aos mais antigos pergunto: Quantas greves ou movimentos foram bem sucedidos ao longo dos últimos 25 anos? Quantas reivindicações justas foram atendidas e honradas ao longo do tempo e dos vários acórdãos? Quantos colegas perderam seus empregos sem justa motivação? Quanta motivação política não consonante com os interesses da categoria e dos profissionais que a compõe foram bandeiras vazias para atender a interesses de alguns poucos?
Se pretendemos estabelecer parâmetros para uma discussão, devemos partir antes de tudo da verdade, seja ela qual for, doa a quem doer, interesse a quem interessar!
Vai faltar gente? O País vai travar? A Aviação vai travar?

OU JÁ TRAVOU??????

Uma companhia que detém quase 45% do mercado não tem um programa e profissionais comprometidos com a escala de vôos e sim com seus próprios interesses por que o "novo programa" ameaça seus empregos? E isso ainda vai travar?
Onde se coloca a responsabilidade para com os passageiros e a sociedade que sustenta suas operações e paga seus salários?
Um País que será, sede de uma Copa do Mundo de Futebol e uma Olimpíada, sabendo de forma inequívoca todo o clamor público e toda a malha de infraestrutura necessária ao efetivo atendimento dos compromissos agendados com anos de antecedência e o que temos como resposta dos nossos governantes é nada menos que modificações ineficientes na pista de um aeroporto saturado e a promessa de aumento nos espaços inter poltronas???
Compromissos importantes de caráter mundial sem um planejamento à altura??
Enquanto nos salões acarpetados, com vistas para o universo, das coberturas envidraçadas os executivos responsáveis pela aviação civil brasileira, tomam suas decisões entre um café e outro, em encontros e conversas informais, sem resultados práticos, nossos profissionais enfrentam escalas apertadas, D.O's tumultuados e inexatos, Estrutura operacional e de manutenção questionável, formações pesadas e informações truncadas, serviço de controle de tráfego aéreo claudicante e salários cada vez mais aviltantes!!!
Pergunto: Os profissionais do 1o mundo não virão, mas tenho a nítida impressão de que os do 5o mundo também não virão, então quem de fato virá???
Tendo problemas internos graves e de difícil solução, problemas que exigem nossa atenção e soluções viáveis em tempo viável os senhores Senadores e Deputados, precisam de fato serem esclarecidos sobre a realidade de nossas aerovias.
O gargalo da formação em nossa atividade se criou há 25 anos com o fim dos subsídios aos combustíveis para os aeroclubes o que quadruplicou o valor da hora de vôo inviabilizando a formação de muitos.
O Gargalo do serviço de controle de tráfego aéreo devemos ao iluminado que criou para dois homens iguais, em cargos iguais, salários Diferentes (TASA e DEPV).
O Gargalo das operações e escalas foi criado por uma categoria (a nossa!) pusilânime, sem representatividade em nenhum nível federal ou governamental, por um sindicato fraco, que NÃO representa o interesse de uma categoria e sim algumas facções (de fato, facções) da aviação civil brasileira.
Prezado Comandante Fábio, pelo respeito que o Sr. merece por sua experiência, e que todos os tripulantes da aviação civil brasileira merecem por sua situação, pelos sofrimentos e agruras provocados pelos desmandos das autoridades e pela falta de representatividade federal da categoria, conclamo o Sr. e todos os colegas que desejem participar, para uma grande discussão nacional sobre os "fatos e verdades" que permeiam nosso dia a dia, nossos anseios, nossas frustrações e nossa vida profissional.
De fato, não fomos preparados para sermos carregadores de piano nem quebradores de pedras, com todo o respeito que estas honradas profissões merecem, mas se nos comportamos da mesma forma, teremos a exata medida do reconhecimento de nossa representatividade como profissionais. Seremos sempre Carregadores e Quebradores de todos os tipos de situação que os senhores investidos do poder que a constituição garante, quiserem nos impor.
Cordialmente!

Nelson A. Oro
PLA 5141 ANAC 613505

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