A Ditadura do Momento!

Demorei de propósito a publicar este artigo, ainda que o tenha escrito no primeiro momento.
A morte do câmera da TV Bandeirantes Santiago Andrade, trouxe a luz mais uma vez, uma questão interessante, que deve ser debatida e estudada à exaustão. O papel da imprensa na sociedade.
Dois indivíduos, classificados com qualquer adjetivo que interesse ao desenrolar dos eventos, meliantes, black blocs, ou qualquer outra nomenclatura disponível, estão presos e tiveram esta semana seus nomes denunciados pela promotoria do Estado do Rio de Janeiro pela prática de crime de explosão e por homicídio triplamente qualificado.
Se as acusações cabem ou não, e se os crimes de fato são imputáveis e prováveis, cabe a justiça decidir, dirimir e punir e não fazem parte do âmbito deste artigo.
Mas cabe um questionamento que se refere à validade e moralidade da forma como estes eventos vem se repetindo em nossa sociedade.
Em um ambiente incerto, de manifestações no centro do Rio de Janeiro, que pode ser comparado à uma zona de conflito, e portanto exige certos cuidados dos participantes, como o uso de equipamentos de proteção, não seria de bom senso esperar ou imaginar que jornalistas e repórteres, devessem utilizá-los?
A pergunta que não quer calar é:
Se fosse eu, meu filho, você, seu pai, ou o Rei Momo, que tivesse sido atingido por um morteiro ou rojão, teríamos sido defendidos e os responsáveis perseguidos pela imprensa da mesma forma?
Teríamos gozado do mesmo amparo e da mesma disponibilidade de espaço na mídia?
Teria havido o mesmo número de investigadores, especialistas, fotografias e filmagens, o mesmo espaço editorial teria sido dedicado a nós e a veicular imagens identificando os prováveis participantes?
Nossas viúvas, mães, filhos teriam suas opiniões e anseios colhidos e divulgados?
Só mais uma pergunta:
Será que se eu enviar este artigo a alguns jornais ou revistas, ele será publicado?
Devemos ter atenção e cuidado com os caminhos que nossa sociedade aceita ou permite que se siga. Alguns não tem volta!
Um destes caminhos é a ditadura!
Ditadura militar, ditadura financeira, ditadura de valores, ditadura de ideias, no âmago são todas iguais.
O corporativismo é um desvio de função em qualquer função!
De alguns anos para cá, temos vivido a ditadura da imprensa, dos meios de comunicação, como se as ideias e interesses da imprensa retratasse uma verdade absoluta, e cada vez que ela levanta uma bandeira, temos que segui-la de forma dogmática e sem questionamentos, pois sem ela, a sociedade não seria a mesma, e nós não teríamos capacidade de pensar e decidir sobre fatos e atos.
Devemos ter cuidado com qualquer um, ou qualquer meio que pregue ou acredite que o mundo gira em torno de si, que a sua verdade é única e inquestionável, e que qualquer um que não comungue de seus princípios e ideias deve ser punido, banido ou eliminado.
Os que viveram tempos idos, sabem do que estou falando.

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