O meu, o seu e o nosso dinheiro.


        Gostaria hoje de abordar uma assunto complexo e delicado, mas que fala alto nas vidas e planos de todos nós: 
A taxa SELIC!
Não sendo economista, peço desculpas antecipadamente caso tenha cometido erros, facilmente identificáveis nas diversas páginas de economia existentes, no entanto, este texto reflete a minha opinião como consumidor, pagador de juros e impostos, mas acima de tudo, cliente de um dos sistemas bancários mais leoninos, desiguais, injustos e ávidos do planeta, o sistema bancário Brasileiro.
Vou iniciar esta exposição pelos dados de domínio público, que nos fazem tremer ao serem analisados ainda que superficialmente.
A taxa SELIC, está em debate no COPOM mais uma vez. O viés pretendido pelo governo e esperado pelo mercado é de baixa, ou seja, a SELIC deverá ser mais uma vez reduzida. A referida taxa, que é responsável pela regulação do mercado, foi estabelecida na ultima reunião do COPOM em 2019, e hoje está no nível de 5,5% ao ano.
A 6a reunião do comitê que iniciou dia 17 deste mês, tem como objetivo inicial, reduzir 0,5% , levando o índice à 5,0% ao ano e a expectativa é que o fechamento de 2019, seja da ordem de 4,5% ao ano, logo, trabalha-se com a expectativa de mais uma redução em 12/2019.
Após leitura de artigos versando sobre este assunto, me surgiu o seguinte questionamento: Quando é que esta taxa de juros será aplicada à relação dos sistemas financeiros nacionais e ao consumidor? Em que momento, a SELIC, índice responsável por balizar as relações de capital na economia de nosso país, terá efetivamente efeitos sobre a vida do cidadão?
Vamos aos fatos:
O spread bancário brasileiro, que é por definição, a relação entre as taxas de juros de remuneração que os bancos pagam sobre recursos captados, em face aos juros cobrados na outra ponta para empréstimo deste mesmo dinheiro (o seu dinheiro), gira em torno de 38%.
Ou seja, quando o banco capta recursos da união e remunera em torno de 5% ao ano, e cobra de você usuário do sistema, 43% ao ano ( 6,83% ao mês, base juros sobre juros), geram-se as distorções de lucros exorbitantes que observamos a cada semestre na divulgação dos balanços e resultados destas instituições. 
        Observe que não estamos falando de cartões de credito e cheque especial, que seriam outros índices.
Equivale à dizer que o banco pede dinheiro emprestado ao seu vizinho e paga por ele 5% de juros ao ano, e empresta para você por 43% de juros ao ano, e recebe 38% de juros por ano de taxa de administração, logo, talvez seja melhor você pedir direto ao seu vizinho!
Outro dado interessante, é o fato de que o spread bancário brasileiro é o 2o maior do mundo, só perdendo para o de Madagascar.
Agora, o que me pareceu mais absurdo é fato de que o spread bancário médio da América Latina, (não é dos EUA ) considerando aí, países tipo Belize, Honduras, Nicarágua, Argentina e Bolívia, é de 7,5%… ao ANO! Repito: 7,5% ao ANO!
Isto posto, mesmo com hercúleo esforço, fica difícil para um leigo, como eu, entender como estas pessoas chegaram à esta realidade, mas ainda mais difícil é compreender como é possível que o governo de um país permita que instituições privadas, e públicas, estabeleçam este tipo de relação espúria de exploração com os cidadãos, que são em ultima analise a base do mercado, de forma absolutamente legal.
Além de ser o sistema de administração mais desigual e injusto do mundo, e legal, apesar de imoral, é também o sistema que gera os lucros mais absurdos à um segmento sem concorrência, considerando que temos hoje 5 opções no mercado, (bancos de varejo), ao passo que a sociedade americana (EUA) por exemplo, possui algo em torno de 12.000 instituições financeiras à escolher.
Mais um detalhe, que me parece sintomático, é o fato de que em vinte anos, o Brasil teve um total de 37 bancos reduzidos à 4, por manobras de liquidação, fusão e aquisição por outras instituições, ou seja, mais uma vez na contra-mão da história e do mundo, o Brasil permite de forma legal a criação de monopólios, no trato das questões de domínio financeiro, atitude perigosa e imprevidente do ente administrador.
Esta sim, acredito ser mais uma caixa de pandora à ser desmistificada e reorganizada na medida do possível, o mais rápido possível, e da forma mais rigorosa possível, revertendo o mercado à "regras de mercado" pois a qualidade de vida no Brasil é ruim, em muitos casos, como efeito da falta de condições do cidadão em utilizar SEU dinheiro à SEU favor!
Pense à respeito!

Comentários

  1. Como pode o país desenvolver uma poupança interna forte, se o capital de giro das empresas e as reservas das pessoas físicas, fluem para bancos e para o governo em forma de juros extorsivos e impostos acachapantes?

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