O Homem e o Ambiente

     Ao longo das últimas semanas, assistimos estarrecidos à contaminação de grande extensão do nosso litoral, até agora somente o nordestino, por petróleo bruto, segundo as autoridades, Petrobrás, Marinha do Brasil e MMA, originário de três campos de exploração da nossa vizinha Venezuela, identificados positivamente por exames de composição molecular.
De acordo com estudos realizados pelo LabOceano da COPPE/Petrobrás, o ponto de partida do derramamento, se deu entre 600 e 700 quilômetros da costa Brasileira, portanto já em águas internacionais, em um ponto central da Corrente de Benguela, também chamada de Corrente Sul Equatorial, cujo movimento ocorre de forma contínua entre a costa africana e a costa brasileira, paralela ao Equador, e com potencial dinâmico para espalhar a contaminação por grande parte do litoral Brasileiro.
Assim sendo, pelas características da logística implementada, pelas condições físicas e geográficas, e ainda pelas quantidades apuradas até momento, muito embora de difícil comprovação e ainda mais difícil incriminação, para quem sabe ler pingo é letra.
Dificilmente um evento desta natureza ocorre por acidente. Este derrame nos parece ter sido planejado, provocado e implementado de forma proposital e criminosa, muito embora como já dito, de difícil comprovação e ainda mais difícil, identificação do agente responsável.
Considerando que, o ocorrido é fato, e que é impossível impedir, cabe às instâncias de governo, e me refiro aqui à todas, remediar os efeitos o quanto antes e da forma mais abrangente possível. Isto posto, vamos ao que interessa do ponto de vista da população afetada.
Ações no sentido reconhecer o “acidente” ocorreram de forma lenta, as medidas mitigadoras também. Faltou a presença das autoridades constituídas na implementação do plano de contingência, faltou celeridade e amplitude de gestão. Se há reclamações da falta de ação do governo federal, o mesmo devemos considerar, em relação aos governos estaduais, que muito pouco agiram no sentido de mitigar os efeitos, que são fundamentalmente nocivos e deletérios às populações nordestinas.
As ações voluntárias no sentido de reverter o acontecido, e recuperar as localidades atingidas, foi realizada de forma desordenada com vistas à atender as demandas locais, pois os principais atingidos são de fato aqueles que vivem da pesca e do turismo, ou seja, mais uma vez, estamos olhando para o umbigo.
Até o presente momento, ações pífias e pontuais, demostram que apesar de tudo o que avançamos na questão ambiental em nosso País nos últimos 40 anos, e que não foi pouco, ainda precisamos de um conjunto bem estabelecido de politicas públicas, planos de manejo, ações de contingência, grupos de trabalho em emergências continuamente bem geridos, e preparados para reuniões e ações imediatas em caso de necessidade.
Instruções normativas de procedimentos que possam ser de rápida implementação, nos mais diversos casos aos quais estamos sujeitos, tendo em vista as dimensões continentais da nação, e os diversos problemas de natureza ambiental aos quais estamos sujeitos e que se repetem periodicamente, via de regra, com os mesmos resultados.
Muito embora tenhamos grandes questões ainda em aberto, a sociedade ainda dividida, não se deu conta da importância do tema ambiental. Não obstante, não são as ONG’s nem os movimentos civis organizados os responsáveis pela implementação de planos e medidas, logo não podem ser cobradas ou responsabilizadas por situações indesejadas. 
O Japão, país desenvolvido, primeiro mundo, após longa discussão politica e de interesses da sociedade, decidiu retomar a caça às baleias. O Greenpeace está por lá com seu cansado slogan “Não à Caça às Baleias”, no entanto, quem acompanha a questão sabe que este tema é cultural e a imprensa não mais sequer repercute. As últimas atualizações dão conta de que a pesca anual 2019, deverá caçar 225 animais de 3 espécies diferentes, e não há nada que a referida ONG possa fazer à respeito.
Este caso emblemático nos serve de aprendizado no sentido de entender que politicas públicas são implementadas por governos no mundo inteiro, independente das opiniões de vizinhos e descontentes, ONG’s, Gretas, não cabendo questionamentos ou repercussões de quaisquer outras naturezas.
Continuamos errando, no que é mais superficial e desinteressante à todos. Não cabe ao Presidente emitir pareceres baseados em seus gostos pessoais sobre quem quer que seja, assim como não cabe ao Ministro de Estado do “Meio Ambiente” (pleonasmo), postar opiniões em mídias sociais e fazer ilações sobre participações de entidades em questões tão nevrálgicas, complexas e de grande apelo público, sem provas.
Cabe sim, às mais diversas instâncias de governo, trabalhar de forma séria, tecnicamente embasada e competentemente assistida, no sentido de dar providencias, correção de rumos, e reparação de danos, quando sua presença for exigida.


Do ponto de vista ambiental, temos um longo curso à percorrer, e se andarmos na direção errada, o caminho ficará mais longo.

Comentários

  1. Com o cobertor curto, preparar e manter, um plano nacional para eventos dessa magnitude, é simplesmente impossível. Só resta mesmo esse disque disque em rede social.

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  2. São muitos furos numa barragem abandonada a muito tempo.

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