Rio 40 anos...

        Ontem recebi de uma amiga, um vídeo sobre as praias cariocas na década de 1980, e não pude deixar de lembrar da minha juventude.
Muita, mas muita saudade do meu Rio de Janeiro, daquele Rio que provavelmente, jamais voltará a existir.
Eu era rato de praia no Leme... 12, 13, 14, 15, 16... passava os dias inteiros na praia.
Chegava as 7 da manhã, de uniforme escolar, EMJN (Joaquim Nabuco, entra burro e sai maluco!), com meu “molho de chaves”e fleugma de São Pedro, abria a praia, era o primeiro a chegar, ajudava à montar a rede de vôlei do posto zero e a barraca dos guarda vidas, depois ficava lá com minha sunga vermelha de 5 “dinheiros” da época, vagabunda que só, fingindo ser guarda-vida…
        Foi aí que conheci minha primeira namorada de verdade... No duro mesmo...
Não tinha dinheiro pra nada, só bebia água, que era grátis naquela época…
Jogava até cansar, ia pra água, pegava jacaré até cansar, voltava pra areia, Seu Julio e Dna Eleta (não sei se escrevi da forma correta) donos da rede iam embora meio dia, no lugar do vôlei, surgia o  futebol, jogava até cansar, ia embora as 2 da tarde, não sem antes resgatar meu uniforme enterrado no pé da trave, num saco das casas Sendas ou do supermercado Disco, e ia para a escola, as aulas começavam às 3 (horário esdrúxulo).
Passava na padaria Saint Honorè, na Gustavo Sampaio, comia uma cavaca, e estava feita a refeição do dia.
Tinha que escolher, ou comia, ou pegava o ônibus, os dois não dava...
Cansei de ir pra escola à pé, quando a preguiça não me mandava pra casa! Talvez por isso pesasse 30 kg à menos...
Muitas vezes voltava pra praia, e ficava até o sol ir pra casa, ai novamente acionava a fleugma do Apóstolo e fechava a praia com chave de “Oro”.
Nos finais de semana, íamos pra casa mais cedo, ( Eu, Renato, Fefeu e Evilásio) tomava um banho (só nos finais de semana, cansei de dormir salgado durante a semana), e nos reuníamos em frente ao IME na Urca.
Entrávamos às 6 no caminho Cláudio Coutinho, antes do exército fechar (as 6 e pouco), de sunga, e um saco de papel das Casas da Banha com a roupa da festa.
Subíamos o morro da urca pela encosta e quando chegávamos ao topo, já perto das 10 da noite, tomávamos banho no zoológico das aves, trocávamos de roupa que estava no saco, tudo isso driblando os seguranças atentos aos penetras já conhecidos.
Íamos para a “Noites Cariocas” boate do morro da urca, sem pagar ingresso mais uma vez, não tínhamos nem para a água, mas a diversão estava em subir o morro e não ser pego pela segurança. Só éramos pegos quando chovia, por que ficávamos com a única calça branca (lembrança do John Travolta) suja de barro das sobras da escalada.
As vezes pegávamos alguma desavisada, até ela perceber que não tínhamos o principal…
La pelas 4 descíamos de bonde.
Era a declaração maior de vitória sobre o sistema, pois a segurança sabia que éramos penetras, mas fazer o quê? Deixar descer!! Hahahahahahaha!!!! 
Sem guerra, sem tristeza, sem violência, sem medo, sem terror, sem temor, sem emprego, sem dinheiro, só a alegria e o prazer de sermos jovens e estarmos à disposição da vida.
Sem expectativas, nem boas nem ruins, para na 2a feira, amanhecer na praia e retomar o ciclo de alegria e descompromisso com o amanhã.

O único compromisso, era o agora!

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