FOME!
Noite de inverno chuvosa na capital mais fria do País, em muitos sentidos... E todos sabemos que quando o ”frio” toma conta das pessoas, poucos estão dispostos à abrir o “vidro”.
Parado no semáforo, vejo evoluir entre os carros um cidadão, negro, alto, vestido de forma imprópria para os rigores da estação, e não sabemos à respeito de que caminhos a vida percorreu para trazê-lo até este ponto, mas suas intenções são claras.
Expressão dura, um mix de cansaço e desalento, pitada de tristeza, trazendo pendurada no pescoço, uma placa em papelão roto, escrita à punho, onde se lia uma palavra que encerra em si, um ‘conceito’ social complexo e abrangente: “FOME”.
A noticia do contingenciamento (de fato e direito), das verbas destinadas à educação em seus diversos níveis, muito embora necessário e sobejamente explicada, soa sempre com este tom de descaso e abandono.
A redução dos atuais e impossibilidade de concessão de novos créditos, as medidas duras de controladoria e gestão, o corte nas autorizações para novos bolsistas, mormente nos níveis de mestrado, doutorado e pós-doutorado, soa como um tiro de misericórdia, na face de um já moribundo sistema, imerso em regras pouco compreendidas e muitas vezes inexequíveis.
É fato que, a evolução das estruturas de uma sociedade e seu progresso em diversas áreas do conhecimento, se deve em grande parte ao fomento à pesquisa e à ciência, e não menos importante, a correta destinação de recursos aos níveis básicos da educação.
No entanto, os processos de concessão de bolsas de formação e pesquisa, precisam ser verificados e auditados com rigor, pois o Brasil ainda é um País onde a pesquisa e seus resultados não são de domínio publico, mas sim, um feudo pertencente aos cientistas, que não raro, perpetuam suas causas, e se beneficiam sem compromisso com os resultados e com o tempo, fazendo das bolsas, reserva de recursos pessoais.
Isto posto, no Brasil de hoje, nos resta lamentar que más ações e descaminhos ao longo de anos, tenham nos levado à condição esdrúxula com as quais convivemos, no entanto, um estudo aprofundado dos resultados demonstrados pelo Ministério da Fazenda e Controladoria Geral da União não deixam duvidas:
“Pagamos hoje, o preço pelo que não questionamos ontem”!
Causa perplexidade, um País levar à público, uma inaceitável situação de vetar investimentos em educação e ciência, no entanto, fica a questão à ser ponderada por amor e respeito ao próximo:
Na impossibilidade de esticar mais o cobertor, à qual “FOME” devemos atender primeiro?
Bem meu amigo. Quase "ouço" a sua voz ao ler sua publicação.
ResponderExcluirParece inevitável às sociedades humanas a criação de feudos, pequenos ou grandes quintais. Isto é verdade em todos os setores da economia à tecnologia, das cidades ao campo.
No mundo acadêmico não foi diferente. Nem em suas dimensões, nem nos métodos, comumente violento e virulento de defender e manter o "status quo".
A intelectualidade e a formação acadêmica, começaram a ser destruídas a 50 anos, em seu nível mais básico, "PROPÓSITO" não por falta de verba, mas dissociado de objetivo fora dos campus.
É tempo de reconstrução, porém a "FOME"....
A Bíblia diz que " as setas da fome são malignas".
É uma questão de sobrevivência.
Desculpe a carona, mas a questão é cativante, e de desesperadora urgência.