Lembranças do passado.

Quando a revolução militar de 1964 foi deflagrada, eu não havia nascido… ainda!
Nasci logo depois, e cresci durante o período denominado “Anos de Chumbo”, em alusão óbvia, à presença militar no topo da cadeia de poder do País.
Hoje, passados 55 anos, creio ser possível uma revisão histórica dos acontecimentos, envolvendo esta data criadora de clamores tão intensos em diversos segmentos da sociedade Brasileira, sem paixões e sem revanchismo, até por que, a revanche já aconteceu…

Em que pese o termo “golpe militar”, a história demonstra que, a deposição do Presidente João Goulart, foi comandada por diversas lideranças da sociedade civil organizada à época, como os governadores Carlos Lacerda, Magalhães Pinto, Ademar de Barros, e Roberto Marinho que dispensa apresentações, todos civis e com alto grau de penetração em diversas esferas sociais. Os acontecimentos após posse do Presidente Paschoal Ranieri Mazzilli, levaram nosso País à um período de repressão de liberdades civis e democráticas, atribuídos à um regime de “exceção” onde de fato, ocorreram vários episódios e situações de inegável confronto de parte à parte, ainda que negadas em repetidas situações por ambos os lados, cabendo ainda lembrar que, nas contendas entre irmãos, não existe o certo ou errado pois, quando todos querem ter razão, significa que ninguém a tem.

No entanto, devemos atentar para fatos que ocorrem em nosso País hoje, sob pena de vivermos o famoso jargão da ciência histórica: 
“O povo que não conhece sua história incorre no risco de repeti-la”.

Em 1964 vivíamos o seguinte cenário, obviamente resumido:
Uma série de manifestações públicas reunindo milhares de cidadãos comuns, não militares, protestando insatisfeitos com manobras e artifícios políticos, das mais diversas espécies. Estas manifestações culminaram com a “MARCHA DA FAMÍLIA COM DEUS PELA LIBERDADE”, no dia 19 de março de 1964, reunindo mais de 1 milhão de pessoas no Rio de Janeiro.
A economia do País estava desestruturada, com uma onda grave de desemprego e baixos salários. Sofríamos com ameaça de inflação e queda vertiginosa dos investimentos internos e externos, com aumento importante do complexo da dívida pública.
Um País Presidencialista, sendo governado por um grupo de esquerda oriundo do sindicalismo, contando com um congresso e uma constituição parlamentaristas. Hoje historicamente percebe-se que a deposição era uma questão de tempo.
Reconhecemos algum cenário similar?

Neste momento, surge um questionamento que tem tomado proporções.
Diante de tudo o que já vimos, já vivemos e já sofremos, em diversos níveis e de diversas formas, ao longo destes 55 anos, desde a deposição de Jango, durante o período mais duro, até a abertura política e ideológica, em um universo que passou da direita corrupta e dura, à esquerda corrupta e cega, quais as nossas opções?
É necessário que redirecionemos nossos olhares ao futuro.
Chega de viver discutindo o passado, tentando encontrar culpados e redentores, procurando reviver, relembrar, esquecer, cobrar, condenar ou absolver.

Existem dois principais, nos muitos caminhos possíveis, para resolução dos impasses que ora se anunciam.

1- Seguimos em frente com a “velha política” de nhonhos dando as cartas, e se locupletando de recursos públicos, com a anuência do Capitão, com 27 anos de Congresso que, conhecedor da realidade de um sistema presidencialista sob constituição parlamentarista , passe a apoiar os métodos consagrados, sob a égide da governabilidade, e repita os eventos do passado.

2- Desmontamos este grande esquema de corrupção que nosso País se tornou, depondo, prendendo, removendo e impedindo se for o caso, os maus Brasileiros, sem caráter e sem moral,  sem ética e sem patriotismo, que dominam e flanam neste submundo asqueroso, insidioso e corporativista, inserido no Congresso Nacional, e criamos a possibilidade de um novo futuro para nós e nossos filhos.


Devemos estar atentos ao fato de que qualquer semelhança, não é mera coincidência, e os resultados possíveis, também não o serão.

Comentários

  1. Infelizmente a história se repete. Um pouco diferente, é verdade. O maior representante de um lado. Do outro uma esquerda mais organizada e forte.
    Não há acordo, não se negocia com corruptos. Não há governo que se sustente nesse meio, sem se render ao "esquema". A "banda podre" que permanece na câmera e Senado, não vão simplesmente mudar de lado ou sair por descontentamento ou pressão. Nosso judiciário, mesmo "acovardado" também não renuncia, pois vão negar, como qualquer condenado, os seus crimes. Só vejo um saída. Usar da inteligência da PF e apurar com rigor e urgência os casos de corrupção de Deputados, Senadores, Juízes e seus suplentes, tornando os cargos vagos, substituindo esses representantes. Penso ser a forma mais democrática e legal de arrumar a casa, mas penso também ser uma utopia. Portanto...

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