Incômoda Semelhança.

Quando nos deparamos com situações onde as divergências de opinião criam uma dicotomia na sociedade, parece razoável pensar que, se todo mundo quer ter razão, é por que provavelmente ninguém a tem. 

Em relação ao ambiente político e administrativo atual, criou-se uma destas situações onde, apesar de haver uma divisão na sociedade, está absolutamente pacificada a questão referente ao lado vencedor, mas um dos lados insiste em contestar, e o outro insiste em reafirmar. 

Em um primeiro momento, o grupo derrotado, quis dar o tom das discussões no âmbito da falta de legitimidade de um candidato eleito com 57 milhões de votos, maioria expressiva e responsável pela vitoria do grupo conservador, onde colocam em cheque o que se convencionou chamar de “democracia”.

Desnecessário reafirmar que, passado o sufrágio eleitoral, deixam de haver candidatos, e passa a existir um único vencedor, e este representa a vontade da maioria, e será o farol condutor da Nação, que é o bem maior que todos desejam promover e preservar.

Dito isso, percebe-se ainda hoje uma tendência da sociedade à polêmica divisão de apoios e posturas, que de fato não interessa ao bem do País, mas sim, a grupos distintos.

No entanto, surgiu há algum tempo um fato novo, caracterizado pela similaridade de comportamentos nos dois grupos, que passaram à negar a terceira via.

A dicotomia de posições virou uma grosseira dualidade comportamental onde o politicamente correto dita normas de atitude onde ou você é assim ou assado, A ou B, certo ou errado.

Tenho sido submetido à situações do tipo,”você pensa como eu ou você é homofóbico?” , “você pensa como eu ou você é preconceituoso?”, “você pensa como eu ou você é racista?”, “você pensa como eu ou você é direita pirulito?”… (que eu nem sei o que seria…)

Esta era uma atitude comum em um dos lados, o mais “radical”, no entanto, hoje percebe-se claramente em ambos os grupos uma postura simplista que restringe as possibilidades de compreensão dos fatos à ser como este grupo acredita ou pertencer necessariamente ao grupo oposto.

Nenhum dos lados permite o livre pensamento, e perigosamente falando de democracia, com palavras e termos na ponta da língua, impedem o exercício do livre pensar e da verdadeira democracia que é exatamente o direito do outro de enxergar as coisas por um prisma ou pontos de vista diferentes dos “seus”.

Uma real simplificação das maneiras de pensar e redução obrigatória das capacidades intelectuais que nos definem como espécie, nos reduzindo à condição de amigos ou inimigos do Rei.

Uma divisão tática que impede a existência de outras vias e formas de pensar, limitando estes seres humanos à uma manada guiada pela lógica cretina do ódio fratricida, levando ao extremo o que antes era condenado como comportamento. 


Um comportamento sectarista e cego, que surge da incapacidade mental de alguns e encontra eco na incompetência intelectual de outros, mas que resultam no mesmo labirinto de idéias burras, o que pode se tornar a arma necessária à alguns, para  impor limites à outros, mas neste momento ainda, apenas uma incômoda semelhança.

Comentários

  1. Democracia. Afinal, o que significa? Quais são os limites de discussões? Podemos aceitar "discutir" uma possibilidade na qual "ou me alinho ou estou fora, ou deva ser eliminado"? Questões extremas, exigem posturas extremas. Hitler X Churchill?
    Cristianismo X Islamismo?
    Liberdade X Totalitárismo.
    Luz X Trevas. Devemos admitir que ainda existem valores absolutos. Sem eles, perdemos a referência, e deles dependem a nossa sobrevivência. Revolução não nasceu para explicar "tudo novo". É um termo de astronomia, que significa que a terra " reiniciou " seu velho caminho em torno do sol. Não se constrói nada sem os velhos e bons fundamentos que nos trouxeram até aqui. Essa é a questão.

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  2. "Matou a Pau", mais uma vez Comandante.

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