O Advogado do Bom Senso

Javari, Juruá, Purus, Madeira, Tapajós e Xingu; Içá, Japurá, Negro, Trombetas, Paru e Jari.
Decorei isso na escola quando criança. Naquele tempo achei uma chatice, e acho que você também.
Aprendi isso anos mais tarde, exercendo minha profissão.
Enquanto esperava o tempo passar e a aeronave percorrer o interminável espaço aéreo do nosso País,
passei a observar a verdadeira dimensão continental, cantada em prosa e verso nos hinos e poemas da nossa terra.
A extensão, o volume d'água, os meandros, a navegabilidade, os regimes de cheia e seca, e a quantidade de afluentes e tributários, são uma característica similar e constante em todos os rios da Amazônia Brasileira.
O potencial hidráulico/energético de nossa região norte, é tão imenso, fantástico e absurdo, que me causa uma certa apreensão pela segurança interna deste complexo.
Isto é matéria para um livro, não vou entrar nesta seara intrincada e perigosa.
O que de fato devemos questionar é:
Será que os impactos causados pela exploração, ou neste caso, utilização deste potencial, serão tão grandes que não possam ser mitigados, por medidas sérias, honestas, constantes, implementadas por governantes sérios, comprometidos com a melhoria nas condições de vida das populações ribeirinhas, que garantam os direitos e também, os deveres, das populações indígenas, que preparem os projetos de futuro, dentro dos melhores conceitos de planejamento estratégico e de sustentabilidade, com o simples objetivo de atender as necessidades das gerações futuras?
Temos hoje em verdade, um desafio de proporções gigantescas, do tamanho do nosso país. 
Construir o máximo razoável, destruindo o mínimo possível.
Não há crescimento, sem sacrifício, não há compensação sem esforço, não há paz, sem guerra.
Em uma bacia hidrográfica com aproximadamente 6,5 milhões de quilômetros quadrados, temos uma conversão energética tímida, onde sobressaem três grandes projetos à saber:
No Rio Madeira, o complexo Jirau - Santo Antônio, no Rio Tocantins, Tucuruí e o sistema de transbordo com duas eclusas e um canal de navegação, e agora o projeto de Belo Monte. 
No total, 28.000 MW de energia, em uma área alagada menor que a que foi desmatada, queimada e transformada em pasto durante 1999.
Esta retórica remete ao Advogado do Diabo, no entanto, os prejuízos produzidos na década de 60 e 70 com as UHE de Ilha Solteira-Urubupungá e Itaipú Binacional, ambas no Rio Paraná, foram muito mais perceptíveis do ponto de vista sócio-econômico e ambiental, no entanto muito menos questionados.
Nosso país possui hoje, 854 usinas hidrelétricas dos mais variados portes, faltam ainda 8.540 para atender a dimensão e a disponibilidade dos nossos recursos.
Estes recursos pertencem ao povo Brasileiro, incluídos aí os povos indígenas e comunidades ribeirinhas, mas que se inclua também, aqueles que fazem do seu trabalho diário, o crescimento e o desenvolvimento social, político, econômico, tecnológico, intelectual e cultural do País o que não ocorreria sem energia elétrica abundante.
Mais que uma questão de respeito, é uma questão de Bom Senso.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Passado, Presente e Futuro!

Bumba meu Morro

Sobra o Inglês...